Desde a última sexta-feira (28) trabalhos feitos pelo designer Beto Shibata, estão em exposição na Vila Cultural Grafatório em Londrina. O espaço tem patrocínio do Programa Municipal de Incentivo á Cultura (PROMIC). A exposição intitulada ‘Meu Universo’ reúne diversos trabalhos do artista visual, criados no período de 2013 para cá, que utilizam técnicas diversas como colagens, serigrafias, gravuras e tapeçarias. A mostra foi inaugurada durante a abertura do evento intitulado Ciclografias: teoria das colisões; Em sua quarta edição, o evento reúne artistas e público para uma série de ações, sempre visando o intercâmbio, as trocas e o compartilhamento de saberes.

Profissionalmente, Shibata já trabalhou na MTV – Na Revista TRIP e publicou suas ilustrações em diversos periódicos mundo afora. Cores vivas, frequentemente apresentadas em painéis com elementos geométricos e, com a união de misturas incomuns de, texturas e formas, são alguns dos elementos presentes nos trabalhos apresentados em Londrina. Durante a exposição, houve também um momento de ‘troca de ideias’ com outros designers e profissionais presentes no evento. Atualmente, Beto é sócio do Firmorama e Atlas. Na conversa, ele falou sobre alguns projetos da carreira, o espaço para experimentação que alguns veículos permitiram no passado assim como a separação entre trabalhos mais artísticos e o lado mais comercial.

Segundo Beto, o início e a experiência no mercado editorial ajudaram, desde o começo, a traçar paralelos entre o trabalho mais funcional e o lado artístico “Em alguns momentos os dois trabalhos se misturaram, já trabalhei como ilustrador em algumas publicações, mas, nessa vertente, sempre tentei pegar publicações que tinham a ver com a maneira como eu pensava, ou ainda matérias das quais eu gostasse. No trabalho mais funcional, havia outros objetivos… Então, as vezes eu separava ou incluía, conforme o contexto”, contou Beto.

Segundo o artista, o período em que trabalhou com o mercado editorial – início dos 2000 – foi também uma época com outras demandas para a parte do design, oferecendo muitas vezes, um espaço não mais possível em publicações de hoje “Eu acho que, é um amadurecimento profissional e comercial das revistas, o que eu vejo, e algumas revistas conseguiram perceber isso, é que, o impresso não seja mais o principal. A revista da MTV mesmo, acho que acabou no auge, nós havíamos tirado-a da banca – logo, sabíamos com quem estávamos falando – e, neste momento (Final de 2008) quando ela acabou, estávamos há um ano exclusivos para assinantes, já havíamos feito experimentações na internet e, nós pudemos chamar quem a gente queria para colaborar com a revista – Pegamos o início da Street Art, artistas das galerias, dando muita liberdade de experimentação, é uma época que eu guardo como muito relevante…”, pontuou Shibata em entrevista ao Rubrosom.

Na atualidade, Beto pontua também alguns nomes das artes que ele acompanha. “Os estúdios que eu continuo admirando são de pessoas como o Tonho / Quinta-feira do RJ, que é meu contemporâneo, nos formamos na mesma época, ele tem um trabalho comercial e autoral muito equilibrados … Hoje em dia ele faz a direção de arte da Void, tem também os estúdios Neasden Control Centre e do designer artista Geoff Mcfetridge, das revistas gosto também da revista Ernesto que é de BH…”, acrescentou Beto. Durante a conversa, o artista também citou sobre publicações nas quais trabalhou. “Acho que a Trip mesmo sempre teve uma linha editorial muito coerente, um dos aprendizados que tive lá, foi de cruzar as turmas… A MTV mesmo colocou Caetano Veloso com Emicida, a Trip colocou o Abílio Diniz, o Ferréz (Escritor), Arthur Veríssimo para ter paralelos de visões de mundo diferentes. Esteticamente eles experimentam, as vezes ainda colaboro com a revista TPM… Tem outras, a Void experimenta muito, assim como a Vista – Revista de Skate de Porto Alegre, que tem um design bem interessante – hoje em dia ta mais fácil publicar e fazer as coisas com as tecnologias disponíveis, você consegue fazer tiragens menores, o cara experimenta mais e acaba fazendo algo que ninguém havia tentado antes…”, conclui Shibata.
CICLOGRAFIAS – Neste ano o Ciclografias reunirá, durante dez dias, os seguintes convidados: Fábio Morais (SP), Kenji Ota (SP), Beto Shibata (SP/SC), Daniel Barbosa (PR), Dirceu Maués (PA/MG) e Maurício Castro (PE). Todos eles ministrarão oficinas gratuitas, protagonizarão bate-papos e outras atividades abertas ao público – Confira a programação no site do Grafatório.